segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Falta um quê

Falta um quê não sei de quê. E essa falta me faz mergulhar numa penumbra constante. Raios de luz volta e meia invadem meu ser, e se vão. Minha cabeça mergulha em agonia, meu corpo permanece inquieto por dias seguidos. E eu só me pergunto até quando. Porque sei que a chave dessa prisão é apenas um detalhe. Uma respiração. Uma inspiração. Digo a mim mesma que não deveria ser assim. Que a essa altura de minha jornada já não deveria me deixar ser acometida por esses medos inexplicáveis e essas alucinações angustiantes. A essa altura já sei de cor que tudo se esvai sempre. As energias não são duráveis. Elas fluem. Mas seu tempo de vida pode ser um período de imensa agonia pra quem as vive de forma tão intensa. Falta um quê não sei de quê. Enquanto isso, apenas insisto.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

A ponte

Eis que me dou conta da existência de dois mundos. Um meu e um dos outros. O mundo que chamo de meu constitui-se de substância doce, saudosa, tradicional. Nele há espaço pra conversas íntimas, abraços quentes, lágrimas gratuitas e calafrios que gelam a espinha. Há até espaço pra cartas, fotos impressas e telefonemas. O mundo que chamo de mundo dos outros é substancialmente feito de presente. Nele sou adaptável, solúvel, homogênea, permeável. Não há espaço para singular, tudo é plural. Aqui quanto mais resumido, melhor. No meu mundo, agarro-me a mim mesma com unhas e dentes, sou pouco flexível, mas muito nobre. No mundo dos outros, aferro-me à corrente, deslizo no passo que é o passo da multidão. Sou pouco original, mas muito amigável. No mundo que chamo de meu, o tempo é o tempo da alma, da aceitação, do esperar que a porta certa se abra, da revelação genuína de meus desejos e quereres mais íntimos. No mundo que chamo de mundo dos outros, o tempo é o tempo da urgência, do fervilhar de acontecimentos, da pouca ponderação porque tem coisa que é pra já. No meu mundo, sou nítida, possuo limites claros e impossíveis de corromper. No entanto, apresento-me impenetrável. No mundo dos outros, sou tingida de todas as cores, constituída das mais diversas texturas e misturo-me com facilidade. No entanto, apresento-me nebulosa. Perder-me é inevitável. O desafio é achar a ponte constantemente e escolher pra qual lado seguir.

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Sem título!

Voltei. Mas não quero fazer grande alarde em relação a isso. Apenas dizer a mim mesma que voltei, que isso aqui está reaberto, que tenho a simples possibilidade de daqui a uma semana, um mês ou seja lá quanto tempo eu deliberadamente escolher, voltar aqui e escrever. Volto assim sem aviso, objetivo ou causa porque não sou mais dessas que torna cada escolha da própria vida um melodramático acontecimento épico, se é que consideram isso um gênero. Eu considero, isso é que importa. O que me lembra que também não sou mais dessas que se importa com o que já existiu, já foi denominado ou considerado correto, dentro da norma culta, sensato. Na verdade, já não sou mais muitas dessas que fui. Mas como nem tudo na gente é mutável pra sempre, ainda sou dessas que escreve pra ninguém porque acha que quando escreve se ouve melhor e enxerga melhor. Por isso voltei. Só por isso. Sem alardes!