segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Vocês precisavam saber


Eu nunca fui plena falando. Sinto que as palavras faladas perdem a clareza que possuem dentro de mim.  Não gosto desse terceiro estágio. Sentimento, forma, som. Prefiro ir só até a forma das letras que são escritas. Me representa muito mais. Dá muito mais conta daqui de dentro. Por isso, o que aqui escrevo é isso mesmo, não tentem pronunciar. É só o calor da palavra dentro de cada um. Me leiam só com sabor, cheiro e memória.
 Cheguei tarde, dada a largada. Uma Mayara aturdida, imersa, como sempre; Ampla, grande e minha. Passei por ela como sempre passo, sem medo de perder. Entrei.  turbilhão de voz, ressaca, malas, menina desconhecida pendurada numa parede. Entrei e parei, ali não tinha espaço pra macapá que eu trazia dentro de mim. Choro de van, choro de apego que logo ia cessar e eu nem sabia. Nem sabia do preenchimento iminente que cada um de vocês me ofertaria ao longo dos próximos dias. Um Jefferson a tanto conhecido que sempre me faz sentir pertencida. E ele nem sabe.Um Bráulio tão bom moço que nunca vi. Uma Bel canceriana, mas não tanto, o suficiente pra me envolver em confiança numa largada turbulenta. E ela nem sabe. Um Renato sempre ali, constante, presente, solícito. Solidez que me falta. Uma Nath que canta comigo as melhores canções que podem ser cantadas e que preenche cada momento meu de sobriedade. E ela sabe.Um Patrick que é irmão, é grande, é júpiter, é de graça e eu só quero ficar assim, abraçada nesse encontro. Uma Luar que troca por prazer, que fala sem precisar entender e que sorri com os olhos, sempre. Uma Nath mana da minha tribo, mais doce que o amor, um espelho, uma lágrima, uma paixão que brotou, e que eu só quero cuidar. Um Gui que é de outro planeta, planeta vizinho, alma gêmea, minha alma versão 2014, reciclagem necessária da vida. Um caio. Outro caio. Que foi agente significativo de mudanças em mim. Outro Caio para Outra Larissa. E ele nem sabe. Uma Samia. Duas Samias. Três Samias. Quantas forem necessárias. Pode mandar pra mim que eu quero sempre mais. Uma Lia de barco, de colo compartilhado, de rede, de abraço que aquece. Uma Vanessa que foi só surpresa e que me encheu de riso. Uma Juliana guardada num potinho que é só afeto, pintado de cores novas de nados sincronizados. Um Victor que abraça com a alma, que acolhe com o riso, criança minha debaixo das minhas asas. Uma Manu de olhos que vibram, corpo que vibra, voz que vibra e que acompanha. Acompanha muito. Acompanhou até o fim na varanda de uma fazenda e acompanha até agora com um vestido colorido de setim.
E agora aqui, o choro cessou dentro e fora de mim.  E deu lugar a vocês. Vocês em mim. Eu fui preenchida por vocês, tomada por vocês, renovada por vocês.  Massagem, sono da tarde, buraco, cerveja, cerveja, cerveja, chuva, gal, lobinho, bethania, bob, meia-noite, chapéu, follow river, neon, ana laura, mapa astral, princesa, bambolê, casa rosa, tapioca, beijão, barcos, barcos, barcos. Tudo é vocês. Lá é vocês. Aqui continua sendo vocês. Preenchimento eterno, alimento pra sempre. E vocês nem sabiam.