sábado, 19 de dezembro de 2009

"Mas eis que chega a Roda Viva, e carrega o destino pra lá..."

Nunca, nunca mesmo, uma música descreveu tão bem meu parecer sobre a Vida.

Roda Viva
Chico Buarque
Composição: Chico Buarque


Tem dias que a gente se sente
Como quem partiu ou morreu
A gente estancou de repente
Ou foi o mundo então que cresceu...
A gente quer ter voz ativa
No nosso destino mandar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega o destino prá lá ...
Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração...
A gente vai contra a corrente
Até não poder resistir
Na volta do barco é que sente
O quanto deixou de cumprir
Faz tempo que a gente cultiva
A mais linda roseira que há
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a roseira prá lá...
Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração...
A roda da saia mulata
Não quer mais rodar não senhor
Não posso fazer serenata
A roda de samba acabou...
A gente toma a iniciativa
Viola na rua a cantar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a viola prá lá...
Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração...
O samba, a viola, a roseira
Que um dia a fogueira queimou
Foi tudo ilusão passageira
Que a brisa primeira levou...
No peito a saudade cativa
Faz força pro tempo parar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a saudade prá lá ...
Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração...

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Novos rumos

É isso, resolvi dar novo rumo ao meu blog. Como eu sempre achei e acabei tendo a confirmação (haha) que esse blog fosse mais um diário escrito e lido apenas por mim do que propriamente algo que fosse acompanhado por inúmeras pessoas (o que eu imaginava que fosse o destino de um blog), resolvi começar a registrar aqui coisas importantes pra mim. Sejam vídeos, músicas ou passagens de livros, serão coisas que desejo guardar e lembrar para revisitá-las daqui a alguns anos, quando meu caminho rumo à minha Quimera (sim, eu ainda lembro do objetivo deste blog, apenas acrescentei elementos novos às minhas constantes e massantes- para muitos, quase todos- reflexões e constatações tão importantes para o ser tão prolixo e profundo que sou) estiver em outra etapa.
Pra começar, transcreverei trechos do livro `A Construção da personagem`, de Constantin Stanislavski. Eu finalmente me propus a lê-lo seriamente e sem grandes interrupções e achei muito válido registrar ensinamentos que eu nunca conseguiria assimilar tão facilmete no meu tumultuado e cotidiano ofício de atriz. Registro, antes disso, minha enorme vontade de conseguir utilizar esses ensinamentos de forma eficaz dentro de meu trabalho. Qua a vontade se faça Ação! Agora, as palavras:
"Há uma grande diferença entre procurar e escolher em nós mesmos emoções que se relacionem com um papel e alterar esse papel para que sirva aos nossos recursos mais fáceis(...) Para que nos transformarmos noutra personagem quando ela nos torna menos atraentes do que na vida real? O caso é que você de fato gosta mais de vocÊ no papel do que do papel em você."
" Assim, a caracterização é a máscara que esconde o indivíduo-ator. Protegido por ela, pode despir a alma até o último, o mais íntimo detalhe. Este é um importante atributo ou traço da transformação(...) A caracterização, quando acompanhada de uma verdadeira transposição, é uma grande coisa. E como o ator é chamado a criar uma imagem quando está em cena e não simplesmente a se pavonear perante o público, ela vem a ser uma necessidade para todos nós. Noutras palavras, todos os atores que são artistas, os criadores de imagens, devem servir-se de caracterizações que os tornem aptos a se encarnar nos seus papéis."
"Sozinho no camarim sentei-me, prostrado de todo, fitando desamparadamente no espelho meu rosto teatral desprovido de feições próprias."
"Eu estava deveras feliz. Mas não era uma satisfação comum. Era uma alegria que brotava diretamente da realização artística, criadora(...) Alegrava-me porque compreendia como viver a vida de outra pessoa, e o que significa embeber-me numa caracterização(...) Enquanto tomava banho lembrei-me de que representando o papel de Crítico ainda assim não perdia a sensação de que era eu mesmo. Concluí que isso era porque, enquanto representava, eu sentia um prazer imenso em acompanhar a minha transformação. De fato era o meu próprio observador ao mesmo tempo que outra parte de mim estava sendo uma criatura crítica,censuradora(...) Por mais estranho que pareça, essa dualidade não só não impedia, mas até promovia meu trabalho criador. Estimulava-o e lhe dava ímpeto."
"Antes de mais nada, eu acreditava plena e sinceramente da realidade daquilo que estava fazendo e sentindo. Disso nasceu um sentimento de confiança em mim mesmo e na correção da imagem que eu criara, na sinceridade das suas ações. Não era essa confiança que experimentam as pessoas absorvidas em si mesmas, o ator autoconsciente. Era qualquer coisa de natureza muito diversa, ligada a uma convicção da sua própria integridade."

Por enquanto, é só. Seguindo o exemplo de minha amiga Lia, acho que finalmente encontrei algo que me prenda a esse blog!

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Hoje


Enquanto o coração bater, existirá culpa, dor, frustração, angústia, arrependimento, solidão. E também amor, saudade, certeza, pureza, fé, força e liberdade. O caminho de hoje já foi escolhido.

segunda-feira, 4 de maio de 2009





Recado à minha família:

Às vezes me sinto tão pequena, quase invisível. Me sinto tão diferente de todo mundo, tão fora dos padrões, que acabo ficando sozinha. Me perco muito, às vezes nem sei mais o que sou, o que era, o que pretendia ser. Peço auxílio a Deus, mas sempre caio no mesmo vão da minha confusão eterna. Sinto falta de um chão, sinto muita falta de vocês !

quinta-feira, 2 de abril de 2009






A distância nos faz tão diferentes. Encontramos sentimentos e memórias em nossa alma, nunca antes vivenciados. Dá saudade do que nem se imagina, sentimos afeto pelo que antes nem atenção dedicávamos. Pessoas, ruas, cheiros, situações antes tão alcançáveis de se provocar, e que agora apenas constam na nossa memória de emoções.
Fica difícil reencontrar aquela excitação por sonhar, aquele sentimento que enche de lágrimas os olhos e palpita o coração, quando é quase impalpável, o familiar. Onde está o que eu conheço? O que eu sei sentir e não sentir? Tudo agora parece ter que ser decifrado, decodificado. Nada de: ‘Ah, sim, claro, eu já vivi isso antes.’
Quem sabe um dia eu saiba de novo onde piso. Mas agora, talvez o melhor seja mesmo andar no escuro.