segunda-feira, 28 de outubro de 2013

vão

é que não dá pra querer ser tudo. se tento ser tudo viro pedra, fico congelada de opção. viajo entre estar e não estar, entre perceber e não perceber e não consigo me dar conta do caminho. do vão que existe entre os dois extremos. estar demais me faz quase romper por dentro, os órgãos inflam até explodir. tem dias que sou estilhaços de órgãos. isso é segredo meu. descobri que é uma forma de perdição, de labirintite, esse muito estar. não é assim. preciso da lupa, do microscópio que me permite estar muito em cada pedaço do momento estar. mas ainda não é assim. tudo que é vão me aterroriza. fico perdida em buracos, bem no fundo de todo buraco que é vão. alguma coisa me diz que vou descobrir o mistério do universo dentro de algum vão desses. algum dia desses. vou andar, andar, até que VULP. o vão e a chave do portão do mundo inteiro.

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Assincronismo

Uma ternura merecida. Compartilhada . Desejada.
Não se sabe quanto tem de se andar até que o corpo relaxe.
Amorteça.
Sabe-se apenas sobre a duração dos desejos.
A faísca chega sempre.
Leve. Breve.
O fogo é tardio.
Intenso.
Não há prazo pra eternidade.
Não há acordo num mundo de assincronias.
Se espera. Se vive. Se surpreende.
Apenas se bebe. Se arrisca.
Tangencia.
Difícil esbarrar. Tudo aqui é apenas tangencial.
Semi-pronto, nunca pronto.
Perene geração.
Há que se amar as pungências.
Há que se deliciar de (sub)prazeres.
Até que já. Até que é. Até que sou.

sábado, 15 de junho de 2013

Linhas cruzadas

Ele sempre se perguntava de onde vêm as opiniões que as pessoas formam umas sobre as outras. Porque desde que se lembra, todos aqueles que de alguma maneira esbarravam com ele na vida o tinham como um homem de natureza firme. Todos o tinham como alguém de caráter claro, limites precisos e atitudes concretas. Mas ele olhava pra sua trajetória e só o que via era o inverso. Tudo o que havia construído, analisado ou tocado na vida era repleto de incongruências. Nada era assertivo. Tudo muito inconsistente. E no entanto, para todos, sempre fora fonte de certezas notórias e verdades incontestáveis. Passara 30 anos de sua vida vestido dessa maneira, porque assim o fizeram e porque não conseguia, ele próprio, arranjar outra forma de se vestir. Não via grande problema em ser o que lhe diziam sobre ele próprio. Era bom ser de natureza firme. Conhecia indivíduos de natureza fluida e não gostava nada dos rumos que a vida destes tomava. Então viveu 30 anos sendo Ele, o homem de natureza firme. E quando batia a dúvida, pois dela ninguém escapa, fazia o simples exercício de conversar com alguém que o estimasse o suficiente para lhe assegurar o título de homem de natureza firme. Como pode ser reconfortante o julgamento das pessoas que nos amam. Foi então que conheceu Ela. E 15 anos depois lembrou-se da opinião que formara acerca dela na primeira vez que a viu. Estava lá, sentada na esquina de uma rua conhecida com uma rua pouco movimentada, num vestido amarelo bem comportado, e botas de couro que davam às suas pernas um ar muito gracioso. A única coisa que destoava de todo o conjunto eram as mãos. Quando falava, balançava ritmicamente as mãos, num movimento contínuo, mas inusitado e decidido. Cada palavra vinha acompanhada de movimentos firmes das mãos, o que contrastava, de uma forma muito peculiar, com o resto harmônico e cadencioso da imagem dela. Os próximos 15 anos após o episódio de seu encontro com Ela foram os mais reveladores de sua vida.  Ela, a mulher de natureza frágil, dizia que não se lembrava de ter tido muitas opiniões acerca da vida. Nunca fora alguém que achasse muita coisa do que quer que fosse. E, no entanto, quando falava, o movimento decidido das mãos estava sempre lá, marcando cada palavra proferida por ela. Com o tempo ele entendeu que Ela não achava muita coisa nem mesmo sobre si própria e que talvez fosse essa a razão  para tamanho contraste entre suas mãos e sua vida. Foi entendendo a inconsistência da natureza dela, que Ele, o homem de natureza firme, deu-se conta da própria. A cada dia que passava ao lado dela, suas próprias linhas iam deformando-se, curvando-se, formando desenhos desconhecidos e instigantes. Iam se cruzando com as linhas tortuosas e encantadoras dela e criando estruturas libertadoras. Foram 15 anos assim, até que Ela se foi. Se foi como chegou. Fluida e viva. E Ele, ele se perdeu. Ele, o homem de natureza firme, não sabia para onde ir. Não tinha capacidade para ser o que se tornou. Era Ela, a mulher de natureza frágil, que de tanto não pensar nada, lhe emprestava tal coragem. Mas, Ele, que sempre fora apenas um por não conseguir ser diferente, não conseguia abandonar-se assim, todos os dias. Era Ela que, sem saber, lhe transmitia a leveza de se ser o que se torna. E então, Ele, o homem de natureza firme, fez jus a seu título uma última vez e tomou a  última decisão de sua vida. A decisão de deixar-se ir. Como Ela, foi-se embora também. Os que o conheciam o admiraram última vez por ter deixado o mundo de maneira firme, como ele próprio sempre fora. O que ninguém jamais saberia é que Ele, o homem de natureza firme, se foi com um único desejo latente no coração: o de ter conseguido ser o que Ela, a mulher de natureza frágil, o tornou.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Nada especial

Sabe um grito muito alto? Do tipo que estremece estruturas e trinca taças. Assim era o grito. A alma dela; a alma dela queria liberdade, ela não aceitava equívocos ou eufemismos. E quanto mais a menina tentava amenizar, sufocar a situação, com mais empenho trabalhavam seus pulmões:

“Não me importa alcançar, chegar lá, transgredir, ultrapassar. Eu quero mesmo é sentir. Nada mais que o vulgar e pulsante sentimento. De nada me serve alcançar, chegar lá, transgredir, ultrapassar. Eu quero mais é doer, esgarçar, regredir, maltratar.” 

Ensurdecer a própria alma, amortecer seus próprios sentidos. Era essa a batalha da menina que de vez em quando só queria mesmo era rir abobalhadamente de sutilezas . Mas ela precisava ouvir. Fechar os olhos, encarar o silêncio e escutar com atenção. Sem ter medo das consequências por ter sido condescendente consigo mesma. Era um jogo de fé, de se despedir da lógica e se atirar na penumbra. Ou era assim, ou se tornava de súbito vazia de si. E essa era a pior sensação. O desespero por querer e não poder compreender. Aí ela preferia mesmo era acreditar no nada. Ressignificar o nada. Encontrar sentido, criar sentido, desencavar sentido de onde não podia jorrar mais nada além do próprio nada. 
       
     “De nada me serve alcançar, chegar lá, transgredir, ultrapassar. Eu quero mais é doer, esgarçar, regredir, maltratar.”

E preferia fazer assim, repetidamente, dia após dia. Encontrando prazer na criação do seu próprio nada. 

sábado, 18 de maio de 2013

Sobre Lia e Epifania




Eu tenho uma amiga; que apesar de ser capricorniana é uma grande amiga. Ela é especial por inúmeros motivos que normalmente não consigo elencar. Mas ontem, assistindo a um filme indicado por ela, ao lado dela, me dei conta de um deles. Ela é responsável pela maior parte de minhas epifanias. A gente (eu e minha amiga) compartilha muita coisa, de semelhanças quase perfeitas a diferenças quase catastróficas. Entre as semelhanças quase perfeitas está nossa capacidade de atribuir sentido para tudo o que nos cerca, desde a mais ordinária das coisas até as grandes questões da humanidade. Isso não têm função prática nenhuma , você poderia pensar, mas o que importa mesmo é que foi essa a maneira que encontramos para sermos menos chatas e tristes. E isso já é de grande praticidade hoje em dia. Assim sendo, inútil sendo (ou não), agradeço a minha amiga pela epifania a seguir e por todas as outras que, graças a ela, ainda virão.
Existem texturas. Existem pessoas que têm texturas muito peculiares, que deixam marca e sabor em mim. Existem trejeitos especiais, trejeitos que de tão hipnotizantes, ficam gavados em meu corpo como se a mim pertencessem. Existem sutilezas, sutilezas de mãos, bocas e cabeças, que definem um ser. Meu Deus, como desejava ser detentora de certas sutilezas. Por uma noite consigo viver apenas à beira de mim, vislumbrar em mim detalhes que não são meus, mas que por me serem tão atraentes finjo que são. E acredito. E me aproprio. Que textura terei eu nas mentes que me registram? Que me vêem passar, que me vêem falar? Queria me deixar escorrer em cima dos outros. Queria, só por uns instantes, me derramar nos que me olham, e escorrer. Deixando cheiro, sabor e textura. Mas me contenho. Represo o suco que há em mim e bebo o líquido que escorre dos outros. Me embriago dos outros. Até trocar de textura com eles.
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sexta-feira, 17 de maio de 2013



Tudo começou com uma necessidade gigantesca de silêncio. Mesmo sem entender o porquê, o silêncio me pareceu a melhor saída pra que eu pudesse processar a gama de sensações e impressões que chegavam até mim. Preciso dizer que as impressões sempre nortearam minha vida; sempre foram, equivocadas ou não, determinantes em minhas escolhas. Mas foi aqui, a partir deste episódio, que elas ganharam um significado completamente diferente, que só se fará entender depois que eu explicar minuciosamente o que me ocorreu pra que eu decidisse me calar por 80 minutos.
  Primeiro de 5 dias de um festival de dança pelo qual esperei ansiosamente por um mês. Antes de tudo, há que se explicar as circunstâncias nas quais me encontro pois, como sempre acontece quando se trata de mim, as circunstâncias são espelho no qual apareço refletida. Eu amo dança. Na verdade, o que eu amo mesmo é o movimento e tudo o que tem a ver com ele. É a única coisa que consegue me absorver por completo por um longo período de tempo. Não me contentando com a observação, eu também escolhi o movimento para ser o meu objeto de trabalho. Se alguém me questiona como é meu trabalho eu respondo simplesmente 'eu me movimento'. Pode parecer pouco, mas pra mim é suficiente. Foi essa a maneira mais simples que encontrei para me expressar com exatidão, pois sua essência é exatamente o oposto do exato. É através do movimento que sinto e posso expressar toda a impermanência que sou eu e que é minha percepção de mundo. Por isso a necessidade de explicar as circunstâncias atuais. Porque me machuquei fisicamente e estou impossibilitada de me movimentar livremente desde o início do ano. E porque a ciência disso tem tido enorme influência em tudo o que sinto ultimamente. 
Então agora, com tudo explicado, volto ao princípio da história: estava ali, no primeiro de 5 dias de um festival de dança pelo qual esperei ansiosamente por um mês, sabendo que minha única condição ali e fora dali era a de observadora. Racionalmente isso já havia sido aceito por mim, mas na prática não é tão simples assim. Foi no início, logo nos primeiros minutos de espetáculo, com as primeiras notas musicais e com os primeiros desenhos formados pelos corpos esculturais, que uma emoção sem igual, mas já conhecida por mim, fez com que cada pelo do meu corpo se eriçasse. Então, me vi ali, sentada entre estranhos, profundamente comovida por dentro e agradecendo intimamente por estar coberta da cabeça aos pés, o que evitou que a comoção externalizada por meus pelos fosse percebida por quem quer que fosse. De repente, não sentia vontade de mostrar nada, de repente aquele momento tornou-se algo só meu. O silêncio me pareceu a forma mais adequada de honestidade. E naquele instante minha alma clamava por honestidade, toda a fome que existia em mim era de honestidade. E assim o fiz. Me calei, de voz e de cara. 
Os próximos 80 minutos não teriam sido o que foram se tivesse optado por outro caminho. Me sentia só, profundamente só, mas tão acompanhada por mim mesma que a solidão era paz, era abastecimento e plenitude. Foram 80 minutos de plenitude. Que só cessaram com o som dos aplausos ao final. Como me incomodaram os aplausos. Não pelo fato de eu ser avessa a manifestações efusivas de aprovação, apesar de esse ser um motivo constante de irritação pra mim. Não, dessa vez a coisa era diferente e ia além de uma simples birra por parte de minha pessoa retraída. Esses aplausos eram apenas barulho. Barulhentos, vazios, automáticos, maquinais. Furtando sem a menor cerimônia toda a profundidade da qual prescindia o momento. Senti-me de novo sozinha. Mas dessa vez, oca. Adicionado a isso, senti vergonha; vergonha de mim mesma ao dar-me conta de quantas vezes fiz parte dos que aplaudem, mesmo sem gostar de aplaudir. Dos que gritam por preguiça de sentir. Vergonha por todos os momentos em que vivi fora de mim. E como vivi pra fora, meu Deus. Houveram tempos em que só o pra fora me servia de referência. E é quando a gente vive assim, pra fora, que nossa alma grita lá de dentro, soltando ruídos de emoção, comoção pura, e a gente abafa. Abafa aplaudindo. É uma necessidade de expressão constante. Expressão pra fora. Redundância mesmo. Porque não é porque é 'ex' que tem, necessariamente, que ser pra fora. Pode-se expressar pra dentro sem que seja obrigatório diminuir a expressão a uma simples impressão. Foi ali naquele momento de sons vazios que me dei conta de que o mundo tá cheio de impressão e carente de expressão. Expressão pra dentro. A expressão tá perdida por aí, no meio de tudo que é rápido, raso e cambiável. Perdida nos abismos que criamos entre nós e nós mesmos. E aí a gente despenca pro lado mais fácil. A histeria coletiva. Sem eco, só lampejo. 
Por isso meu silêncio. 
Os meus 80 minutos de silêncio. 80 minutos pra que eu pudesse me agarrar a mim. 80 minutos pra que eu me lembrasse da luz que é ter-se por perto.

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Sobre o não saber



E se eu não acordasse
Se eu não me levantasse 
Não me alimentasse 
Que diferença que faria? 

 E se cheiro eu não tivesse 
E o passado inexistisse 
De família não viesse 
Ainda assim eu viveria? 

 Se uma língua eu não falasse 
Ou pessoas conhecesse 
Um lugar não ocupasse 
Eu ainda existiria? 

 E se nada eu dissesse 
Sem palavra, som ou prece 
Se importância eu não desse 
Que utilidade eu teria? 

 Se a hora não passasse 
E a vida congelasse 
O medo não existisse 
Alguma coisa mudaria? 

 E se meu corpo evaporasse 
Se minha voz não mais saísse 
E aqui eu não pertencesse 
De que lugar eu surgiria? 

 Se você não me enxergasse 
E de mim nada soubesse 
Sobre mim nada existisse 
O que de mim me restaria?
Por gostar de ser feliz, da tristeza me despeço. Por ser eu quem cria minha própria vida e por não acreditar em determinismos. Tendo saúde, tenho tudo que preciso. Ah, a saúde, esse bem raro que andou me escapando e cambaleando nos últimos tempos. Sinto a volta gradual da luz dentro de meu corpo físico, e tenho meu corpo espiritual agora abastecido pelo tempo e pela sobriedade que só a vida real pode nos oferecer de vez em quando. Sim, a saúde me retornará. E a paz vingará de novo. Gosto demais de paz pra me vestir de azul tristeza e desfilar por aí a tendência da depressão. Meu espírito é forte, minha mente é acumuladora de riquezas, e o podre aqui não entra. Pra frente sempre. O que eu quero ainda não sei, mas não importa. Tenho vida e vontade de viver, isso é mais valia. Isso se encarrega de toda a incerteza. Por mais profunda que minha alma possa ser, sou fã da simplicidade e da verdade. E nada mais simples e verdadeiro do que viver.

terça-feira, 5 de março de 2013

Ontem conversei com Deus. Fazia muito tempo que não me dava ao luxo. Andava me achando indigna de qualquer pão. Até que ontem a sensação abrandou-se e eu simplesmente fechei os olhos e dirigi minhas palavras a ele. Depois de tanto tempo, tive a coragem de me arriscar a tomar vários minutos da sua atenção. Fiz uma retrospectiva mesmo. E o mais incrível foi que me senti ouvida desde a primeira palavra até o último suspiro. Depois que acabei, chorei e fiquei me perguntando sobre o propósito daquilo. Como imaginava, tal indagação só me trouxe um vazio. Então, automaticamente, decidi que sim, alguém havia escutado tudo o que eu contei e levado em consideração cada palavra proferida. Só pra não dormir de barriga vazia.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Falta um quê

Falta um quê não sei de quê. E essa falta me faz mergulhar numa penumbra constante. Raios de luz volta e meia invadem meu ser, e se vão. Minha cabeça mergulha em agonia, meu corpo permanece inquieto por dias seguidos. E eu só me pergunto até quando. Porque sei que a chave dessa prisão é apenas um detalhe. Uma respiração. Uma inspiração. Digo a mim mesma que não deveria ser assim. Que a essa altura de minha jornada já não deveria me deixar ser acometida por esses medos inexplicáveis e essas alucinações angustiantes. A essa altura já sei de cor que tudo se esvai sempre. As energias não são duráveis. Elas fluem. Mas seu tempo de vida pode ser um período de imensa agonia pra quem as vive de forma tão intensa. Falta um quê não sei de quê. Enquanto isso, apenas insisto.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

A ponte

Eis que me dou conta da existência de dois mundos. Um meu e um dos outros. O mundo que chamo de meu constitui-se de substância doce, saudosa, tradicional. Nele há espaço pra conversas íntimas, abraços quentes, lágrimas gratuitas e calafrios que gelam a espinha. Há até espaço pra cartas, fotos impressas e telefonemas. O mundo que chamo de mundo dos outros é substancialmente feito de presente. Nele sou adaptável, solúvel, homogênea, permeável. Não há espaço para singular, tudo é plural. Aqui quanto mais resumido, melhor. No meu mundo, agarro-me a mim mesma com unhas e dentes, sou pouco flexível, mas muito nobre. No mundo dos outros, aferro-me à corrente, deslizo no passo que é o passo da multidão. Sou pouco original, mas muito amigável. No mundo que chamo de meu, o tempo é o tempo da alma, da aceitação, do esperar que a porta certa se abra, da revelação genuína de meus desejos e quereres mais íntimos. No mundo que chamo de mundo dos outros, o tempo é o tempo da urgência, do fervilhar de acontecimentos, da pouca ponderação porque tem coisa que é pra já. No meu mundo, sou nítida, possuo limites claros e impossíveis de corromper. No entanto, apresento-me impenetrável. No mundo dos outros, sou tingida de todas as cores, constituída das mais diversas texturas e misturo-me com facilidade. No entanto, apresento-me nebulosa. Perder-me é inevitável. O desafio é achar a ponte constantemente e escolher pra qual lado seguir.

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Sem título!

Voltei. Mas não quero fazer grande alarde em relação a isso. Apenas dizer a mim mesma que voltei, que isso aqui está reaberto, que tenho a simples possibilidade de daqui a uma semana, um mês ou seja lá quanto tempo eu deliberadamente escolher, voltar aqui e escrever. Volto assim sem aviso, objetivo ou causa porque não sou mais dessas que torna cada escolha da própria vida um melodramático acontecimento épico, se é que consideram isso um gênero. Eu considero, isso é que importa. O que me lembra que também não sou mais dessas que se importa com o que já existiu, já foi denominado ou considerado correto, dentro da norma culta, sensato. Na verdade, já não sou mais muitas dessas que fui. Mas como nem tudo na gente é mutável pra sempre, ainda sou dessas que escreve pra ninguém porque acha que quando escreve se ouve melhor e enxerga melhor. Por isso voltei. Só por isso. Sem alardes!