Eu
tenho uma amiga; que apesar de ser capricorniana é uma grande amiga.
Ela é especial por inúmeros motivos que normalmente não consigo
elencar. Mas ontem, assistindo a um filme indicado por ela, ao lado
dela, me dei conta de um deles. Ela é responsável pela maior parte
de minhas epifanias. A gente (eu e minha amiga) compartilha muita
coisa, de semelhanças quase perfeitas a diferenças quase
catastróficas. Entre as semelhanças quase perfeitas está nossa
capacidade de atribuir sentido para tudo o que nos cerca, desde a
mais ordinária das coisas até as grandes questões da humanidade.
Isso não têm função prática nenhuma , você poderia pensar, mas
o que importa mesmo é que foi essa a maneira que encontramos para
sermos menos chatas e tristes. E isso já é de grande praticidade
hoje em dia. Assim sendo, inútil sendo (ou não), agradeço a minha
amiga pela epifania a seguir e por todas as outras que, graças a
ela, ainda virão.
Existem
texturas. Existem pessoas que têm texturas muito peculiares, que
deixam marca e sabor em mim. Existem trejeitos especiais, trejeitos
que de tão hipnotizantes, ficam gavados em meu corpo como se a mim
pertencessem. Existem sutilezas, sutilezas de mãos, bocas e cabeças,
que definem um ser. Meu Deus, como desejava ser detentora de certas
sutilezas. Por uma noite consigo viver apenas à beira de mim,
vislumbrar em mim detalhes que não são meus, mas que por me serem
tão atraentes finjo que são. E acredito. E me aproprio. Que
textura terei eu nas mentes que me registram? Que me vêem passar,
que me vêem falar? Queria me deixar escorrer em cima dos outros.
Queria, só por uns instantes, me derramar nos que me olham, e
escorrer. Deixando cheiro, sabor e textura. Mas me contenho. Represo
o suco que há em mim e bebo o líquido que escorre dos outros. Me
embriago dos outros. Até trocar de textura com eles.
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